Vou contar para vocês uma história que aconteceu comigo quando eu tinha 15 anos:
Eu estava deitado na minha cama, quando de repente, um caminhão chegou. Não levantei para ver quem era pois era madrugada e eu estava “morrendo” de sono. Eu estava com meu amigo, o Marcos, que também não levantou. Parecia ser uma mudança! Eu estava na casa da dona Joana, uma senhora que ficava com crianças e adolescentes órfãos, até que eles conseguissem dinheiro e tivessem suas próprias casas! Claro que isso só acontecia com os adolescentes pois crianças não podem morar sozinhas. Marcos, meu melhor amigo, dormia no mesmo quarto que eu. Nossos pais morreram da mesma forma: num acidente de carro.
Logo que o barulho na casa vizinha cessou, dormimos. No outro dia, Marcos iria mudar de lá. Ou melhor, Marcos mudou de lá! Ele já tinha conseguido o dinheiro e mudaria para Campinas. Nós estávamos em Barretos. Ele deixou, é claro, muita saudade. Ainda bem que, dali uma semana, eu receberia, também, o meu dinheiro e mudaria da casa da dona Joana. Só que eu não queria ir para Campinas. Eu queria ir para o litoral!
Logo que Marcos saiu, eu olhei para a casa ao lado. Lá estava uma menina, ou melhor, moça com, mais ou menos, 15 anos. Eu, quando olhei para ela, fiquei paralisado! Não sabia se entrava ou se ficava olhando para ela ou, então, iria lá conhecê-la! Foi amor à primeira vista! Quando ela olhou para mim, eu senti um “calafrio”!
Ela se aproximou e perguntou se eu morava naquela casa. Eu disse que sim e também me aproximei dela. Conversamos um bom tempo e logo entrei. “Nunca vi uma garota tão bonita quanto a Roberta”, pensei. À noite, eu estava no meu quarto sozinho, pois Marcos já havia saído! Me deu uma vontade de pular dentro da casa dela! Abri a janela. Ela estava lá, na janela dela. Sem pensar duas vezes, pulei lá dentro. Não precisaria me preocupar. A porta estava trancada e ninguém sentiria minha falta pois pensariam que eu estava dormindo!
Quando entrei lá, ela já estava semi-nua, pronta para “aquilo”! Eu tirei (quase) toda minha roupa e pulei em cima dela. Ela era virgem de boca e, também, “naquilo”! Só que o pai dela, que parecia ter uma bola de cristal, arrombou a porta e viu nós dois em cima da cama. A minha sorte é que ele sofria do coração e desmaiou, dando tempo de eu pular novamente para o meu quarto! Quando o velho voltou em si e não me viu, jurou que iria me matar.
No dia seguinte, encontrei Roberta no mercado. Ela me contou o que se passara após a minha fuga, mas disse que, quando desse, nos encontraríamos novamente. E o pior é que nos encontrávamos; beijamos e quase transamos.
Num dia antes de eu viajar para Peruíbe (pois já tinha o dinheiro) levei a Roberta para o meu quarto e lá ficamos num “esfrega-esfrega”! Sem sabermos, o pai dela estava me procurando por todos os cantos. Foi quando ele entrou na cada de dona Joana. Ao ouvir a voz dele, Roberta pulou a janela e entrou na sua casa. Mal fechei a janela, começaram a bater na porta. Abri e o velho entrou. Quando ele me viu, sacou o revolver e ia começar a atirar, quando um policial chegou e o prendeu.
Ele, sem saber o que estava acontecendo, disse que, quando saísse da cadeia, iria me matar! Acho que o coitado me procura até hoje! Quando ele entrou no carro da polícia, Roberta se aproximou de mim e nos abraçamos. Eu perguntei para ela o que estava acontecendo e ela, depois de pedir um copo d’água e entrar na casa da dona Joana, explicou o que aconteceu para todos que estavam lá:
“Quando saí daqui, entrei correndo lá em casa e vi minha mãe chorando. Ela me disse que achou um caderno azul e foi olhar. Na primeira página estava escrito: Diário de Paulo. Minha mãe, como é curiosa, achou legal meu pai ter um diário e aproveitou para dar uma olhada, pois ele não estava em casa. Ela foi virando as páginas e descobriu que ele só casara com ela por interesse na ‘grana’ dela e fingia que ia trabalhar, mas na verdade ia é para os bordéis! Ele era um prostituto, e enganava minha mãe. Minha mãe leu, também, que ele não queria que eu tivesse namorado pois ele mesmo queria tirar minha virgindade! Minha mãe, decidida, chamou a polícia, que o prendeu. Ela já viajou para Campinas e perguntou se eu queria ir. Eu disse que não, pois prefiro ir com você, Rafael, para Peruíbe!”
Quando ela disse aquilo para mim, eu senti que era o “rei da cocada”! A noite já tinha passado. Passamos a noite conversando e, de manhã, fomos para Peruíbe!Eu vivo em Peruíbe até hoje. Já estou com 25 anos, tenho um filho, o Marcos. Coloquei esse nome em consideração ao meu melhor amigo! Aliás, o Marcos já esteve aqui em casa várias vezes com a mulher e sua filha! Eu também já fui lá. Quando der, vocês vêm fazer uma visitinha para nós, está bem? Espero por vocês, hein?!
Comentários
Sabia que você sempre tinha algo de diferente!
parabéns pela formatura e um grande abraço de seu amigo.
Edgar