5. OUR LIFE

1980 – Nascem 3 crianças num hospital. São trigêmeos (nasceram no mesmo parto). O primeiro a sair da barriga de dona Carmela recebeu o nome de Eliezer. O 2º de Elieder e, o terceiro, Elieber.

1983 – Ocorre um acidente na qual morre Carmela e Alfredo (pais deles). Eles são assassinados! Os meninos são separados com três anos de idade. Elieder foi para Belo Horizonte com uma tia, a Fátima, que o criou como seu filho. Elieber foi para Curitiba com um tio, o Itamar, que também o criou como seu filho. Eliezer, por sua vez, ficou em São Paulo com sua avó. Eles jamais poderiam imaginar que tinham irmãos gêmeos pois seus tios, que para eles eram pais, mentiam, dizendo que eles não tinham familiares.

Os meninos acreditavam. Os tios evitavam visitar, ou melhor, não visitavam a mãe, vó dos garotos, para que eles não se encontrassem. Isso acontecia durante a vida deles mas em...

1995 – A avó deles, que cuidava de Eliezer, morreu no início do ano, numa das chacinas que houve. Embora não era “flor-que-se-cheira”, ela não tinha motivos para ser morta. Itamar também morreu devido a uma parada cardíacas e Fátima morreu só que num acidente de trem.
Elieder, que vivia mexendo nas coisas de sua mãe (que na verdade era sua tia), encontrou, numa gaveta, uma agenda com um endereço que correspondia à uma rua situada em São Paulo e, em cima, estava escrito Mãe. Achou aquilo esquisito e decidiu ir para São Paulo. Foi para a rodoviária e pegou o primeiro ônibus para São Paulo. O mesmo aconteceu com Elieber. Eles se encontrariam! O que acontecerá?!

6 horas da manhã. Elieder num ônibus e Elieber noutro, ambos com destino à São Paulo. Às 9 horas, ambos chegaram na rodoviária do Tietê, só que em plataformas diferentes. Cada um pegou um táxi e foram para a tal rua. Primeiro chegou Elieder. Tocou a campainha. Alguém pediu para que esperasse.

Elieber chegou e, quando viu Elieder, levou um susto. Não podia ser possível que os dois, que jamais se conheciam, fossem tão idênticos. E por que será que em ambas as listas constava o endereço na qual eles procuraram? Quando Eliezer abriu a porta, os três quase morreram de susto. Eles logo perceberam que havia algo de estranho naquilo tudo: em duas listas existia o nome dum endereço, no qual morava um menino idêntico aos donos das listas!

Eliezer os convidou para entrar e contou que sua mãe morrera numa chacina. Elieber contou que seu pai morrera de parada cardíaca e Elieder contou que, por causa dum acidente de trem, perdera sua mãe. Eliezer foi mostrar sua casa para eles. Mostrou o quarto que dormia e, depois, o da sua mãe. Elieder abriu uma gaveta e viu um caderno em cuja capa estava escrito Diário. Eliezer e Elieber foram ver. Abriram o diário e viram uma foto com três meninos e no verso estavam seus nomes.

Foi quando leram na página em que estava o nº 1983 no alto. Então, descobriram que seus pais verdadeiros foram assassinados e que haviam sido separados nesse ano. Eliezer achava que era necessário procurar os assassinos, nem que fosse no inferno. Elieber, que gostava de diversão, achou uma besteira procurá-los, pois os assassinos já deviam ter morrido ou, então, sido presos. Elieder não dizia nada. Ora dava razão para um, ora dava razão para outro. Elieber tentava tirar aquele pensamento da cabeça de Eliezer, mas não adiantava.

Um dia Elieber saiu de sua casa (pois passaram os três a morar em São Paulo) para uma festa de aniversário. Ele e Elieder já tinham conhecido várias pessoas. Elieder havia saído para comprar pão e fazer um lanche. Ele preferia ficar em casa, assistindo TV. Eliezer saiu para “resolver umas coisinhas”.

Primeiro, ele foi num depósito de bloco, pois sabia que, a noite, traficantes entravam lá e, muitas vezes, faziam até reuniões. Viu algumas pessoas lá dentro. Tirou uma foto. Quase foi visto. Depois, foi à delegacia e, chegando lá, perguntou sobre os homens da fotografia. “Levou um fora”, pois aqueles homens eram os donos do depósito. Perguntou sobre um assassinato de 1983. O policial disse que não tinham nada de 1983. Eliezer, chegando em casa, encontrou Elieder e Elieber assistindo TV na sala. Eles disseram para Eliezer que aquilo poderia piorar a vida deles. Eliezer resolveu desistir das “investigações”.

No outro dia, Elieder foi ver o que tinha dentro do criado-mudo. Ele encontrou um caderninho, que estava escrito que quem matou seus pais já haviam sido mortos pela polícia. Ele mostrou aquele caderno para Eliezer e Elieber. No caderno, também estava escrito aonde os pais deles haviam sido enterrados.

Após tomar o café da manhã, foram para o cemitério. Eliezer sabia onde ficava o cemitério, pois foi lá que sua mãe foi enterrada, ou melhor, sua avó. Chegando no túmulo, começaram a chorar. Lá estava a foto de seus pais e também a data do enterro. De repente, os três se levantaram e se abraçaram. Começou a chover.

Os pais haviam morrido, mas permaneciam nos corações de seus filhos!